quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Apesar de parecer uma fortaleza em pessoa, às vezes (vale ressaltar que raramente acontece este "às vezes"), eu me pego chorando e assumindo que preciso de alguém para dividir um peso comigo. O grande problema é que me apego aos bons momentos e pessoas que passaram e estão na minha vida, assim, as lágrimas não passam do teclado do meu computar, ou seja, aprendi a engolir tudo que é estúpido e banal, afinal, minha dor não é a maior do mundo...Ainda posso chorar.
Mas vai saber..fica registrado o dia que dói..
Estava lendo e_mails que trocava com o Luiz Orlandini (e ainda troco) e achei um poema que passei do Bortolloto e conversamos sobre.
O luiz é uma das pessoas que fazem eu sentir conforto por estar em Itápolis,afinal, tenho a certeza que se não estivesse neste fim de mundo não teria cruzado com ele...São nestas coisas que me apego para ter um fôlego e aguentar tudo por aqui...As coisas que, realmente, valeram a pena...
Aí vai o poema:

PEQUENAS ALEGRIAS

Há um pequeno poema caindo do bolso da minha calça
Há estrelas caindo do teto da igreja
Há a garota assustada encolhida no canto da cama
Há o homem grande e triste segurando um copo de whisky
Há a mãe mentindo para o seu filho
dizendo que um dia ele vai ser feliz
Há os que acreditam em mães carinhosas e bem intencionadas
esses se tornam psicopatas ou suicidas
Mães não vão para o inferno.
Há uma espécie de limbo para as mães e elas estão todas lá
Há os que não prestaram atenção em suas mães
esses assobiam swamp music no metrô
e voltam para suas casas lendo “O Monstro do Pântano”
esses terão apenas pequenas alegrias
como afagar a cabeça de um cachorro
ou abraçar o porteiro do restaurante
Mensagens fúnebres na noite de natal
mas eles já estavam preparados
por isso apenas enchem seus olhos de lágrimas
enquanto servem outra dose
ao contrário dos outros que arrancam os cabelos
e arremessam telefones contra a parede
esses que querem vingança
e acham que enganam Deus quando se ajoelham pra rezar
Os que não ouviram suas mães não rezam
apenas andam por aí
com seus pequenos poemas caindo do bolso de suas calças
e fazem de suas pequenas alegrias uma farra eterna
Há essas pessoas simples e evidentemente tristes
que enchem de alegria meu coração presciente
E há essas mulheres lindas que querem conquistar o mundo
e que inevitavelmente perdem todo o charme
quando procuram esbaforidas algo em suas bolsas.